sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Poder

Porque tenho poder
Eu te proibo
A nostalgia das tardes de setembro
Porque tenho poder
Eu te proibo
A languidez das folhas do negrilho
As petalas caidas sobre a relva
Da roseira que teve mais um filho...
Porque tenho poder
Eu te proibo
A limpidez do ceu
Que como eu
Te espera calmo e puro
E porque tenho poder
Eu te esconjuro
A seres fiel aos lidimos sinais
Que não perderão mais os teus sentidos...
E porque tenho poder
Eu te proibo
A tua masculina saciedade
De te saberes amado de verdade!
Porque tenho poder
Eu te proibo
De ignorares que há acasos tais
Tão lidimos...fatais
E exclusivos
Que são
A unica razão
De estarmos vivos....

Maria Augusta Ribeiro

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Maria

Subia a rua,
Descorada e laça
Chamava-se Maria
Não tendo solução para a desgraça
Vivia...
Carregava consigo alguns volumes
E um pobre cachorrinho
Ganindo os seus queixumes
E um pequeno rádio que tocava...
A saia, um trapo velho a fazer ciúmes
Ao lixo da calçada
Uma blusa de cetim vermelho
Que já brilhara num baile de embaixada
Flores secas nos cabelos
E uns olhos que pediam para ser belos
Mirando sempre além...
Andava devagar,
Sem atropelos
Tal como quem
Indo é que vem...
Alheias, as pessoas
Nos seus trilhos
Pensando no trabalho, na casa e nos filhos
Corriam como lebres no coutado...
E nem o som do fado
As atraia...
Onde iria
Maria?
A nenhum lado!
Imagem de um destino
Perdedor
Levava dentro dela o passado
Quem sabe lá se de um imenso amor?
Um pequeno sorriso lhe franzia
A tristissima boca...
O mundo a percebia
Como Maria
A louca...