segunda-feira, 9 de setembro de 2013

"A Festa"

Neste silêncio arrabaldado e frio
Onde numa chuvada se acoitou
O céu ficou vazio
Mas continuou...
Entre as paredes deste lar cativo
Nem uma voz se escuta,
Paira o sentido da vida
Numa luta, que se afigura, extreme
Na hora de seguir, prendendo o leme.
Lá fora, o povo tenta seduzir
O tempo, que lhe oferece diversão
Em breve vão luzir
Engalanadas ruas de ilusão!
Há muita mocidade
Jóvens ainda, conscientes disso
Procurando usar a sua idade
Prestando-se ao serviço de gozar
Sua frescura, alegria e viço...
Triste gozo, que, em claras gargalhadas
Nos dão a sensação de "de ja vue"
Já nós fomos assim, ovelhas tresmalhadas
De coração incerto e sentimento cru
É festa uma semana, muito pouco
Esquecem-se agruras em que mergulharam
Aqueles, que, como nós, num grito rouco
Lembramos outras festas que passaram
Tudo vai terminar
Sem luzeiros, farturas, variedade
Ficará a cidade a dormitar
Nos braços de quem sabe o que é saudade!!!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A Maldita

Era tão esperto
Toninho Toninho
O filho sózinho
De uns Pais já de idade
Criado nos campos
Tal qual um potrinho,
Nunca imaginou
Viver na cidade...
Mas o Pai faltou
E a Mãe se mudou
Por necessidade
Arranjou emprego
Como office boy
Depressa ficou
Rapaz a valer
Ajudava a Mãe
Dando-lhe o sossego
De o ver trabalhar
Crescendo a aprender!
Mas, um triste dia
Daqueles que estão
Guardados no ar
Arranjou um amigo
Cuja companhia
Quis aproveitar...
Toninho Toninho
Tornou-se um drogado
Perdendo a graça
De jovem dotado
A Mãe já cansada
Nada mais fazia
E ia morrendo
Um pouco por dia...
Perto do Natal
Não voltou para casa
Aparecendo morto
Numa vala rasa
Longe da cidade
E a pobre senhora
De olhar absorto
Morava à janela
Da sua saudade...
Toninho Toninho
Brincaria agora
Nos prados floridos
Da terra que fora
O seu paraiso...
Perdeu-se na vida
Por não ter juizo
Tão bem que ele ia!

É sempre preciso
Escolher companhia
Que não traga a morte
Na sua bagagem
A droga é miragem
A droga é loucura...

A Mãe do Toninho
Morreu de amargura...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

DA MENTIRA

DE UM BALÂO FEZ UMA ESTRELA
QUE SE ESPATIFOU NO AR
ENGANOU A QUEM ; AO VE_LA
... PENSOU QUE IRIA BRILHAR:::
VAI TER QUE APANHAR PEDAÇOS
QUE JAZEM; PODRES; NO CHÂO
AS MENTIRAS SÂO ABRAÇOS
QUE ESCONDEM A ESCURIDÂO
ENGANOU A QUEM QUERIA
COMPARTILHAR SEUS ANSEIOS
ALGUEM QUE NADA PEDIA
E ACEITAVA OS DEVANEIOS
PODERIA SER AMOR
AQUELE QUE NUNCA SENTIU
QUE ENVOLVERIA EM CALOR
O TEMPO QUE LHE FUGIU....
NAO TINHA QUE SER,NAO TINHA
MENTIU SEM NUNCA HESITAR
QUEM NASCE ERVA DANINHA
SO SERVE PARA QUEIMAR.....

sexta-feira, 12 de julho de 2013

OS POLITICOS

DAS PALAVRAS VAZIAS FAZEM CUNHAS
CRAVADAS NA MURALHA DO PAÍS
CERTEZAS NENHUMAS
MAS CADA UM SE ENCANTA NO QUE DIZ...
EMPOLGAM-SE....ATENTOS AOS CENÁRIOS
QUE ELES MESMO, CONSTRÓIEM
E , TODOS MILIONÁRIOS,
NÃO HÁ NADA QUE APOIEM...
DIVERGEM E DESTRÓIEM
E AINDA COBRAM O QUE VÃO DIZER...
ALGUNS, JÁ CENTENÁRIOS
ESTENDEM-SE A VALER.....
A LIBERDADE TROUXE-LHES O BEM ESTAR
O BEM VIVER
E AINDA O BEM ESQUECER....
O POVO...NÓS
ESCUTAMOS TANTA VOZ
ALHEIA E OCA
QUE COM UMA INDIFERENÇA JÁ BACOCA
VEMOS PASSAR O TEMPO.
E PORTUGAL, ESTA PÁTRIA EXAURIDA
A POUCO E POUCO, "CAINDO NA REAL",
DEIXANDO-SE ENGANAR EM PURA PERDA....
ATÉ QUE UM DIA ,MANDA TUDO Á MERDA
E VAI PEDIR A ESPANHA EM CASAMENTO!!!!!

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Heróis do Mar

E é nesta primavera, dolorosa e fria
Que todos nós esperamos,
Que a terra, encharcada e vazia
Tem saudade dos ramos...
 
Nas árvores, com seus braços
Nus e esquálidos
Começam a apontar
Uns vestígios de cor
Sem sol para copular
E dos frutos sem sabor
Mirrados, muito pálidos
Poucos hão-de vingar...

-------------------

Portugal anoitece
de vagar...
Não perdoa nem esquece
Tenta continuar!!!

É um país cuja cabeça branca
Ainda se levanta
Com a nobreza
E a força do passado,
Lutando contra a incerteza
Com seu histórico herdado...

Abril de àguas mil
Está aí!
Outro Abril o fez cantar e ser
Cingindo cravos vermelhos
(a saudade nos faz a todos velhos).

Hoje, nada mais existe
Do que um povo sofrido, despojado e triste.
E quando a primavera nacional enfim surgir
Encontra Portugal em frente ao mar
Sem novas caravelas a partir...

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Sem Abrigo

Ficou ali
Debaixo de uma escada
Tirou dos sacos uma manta usada
Que estendeu no chão
Fez um ninho de cão
Com palha e farrapada
Cobriu-se com jornais
(Que até falavam dele
E outros tais
Pois cada vez há mais!)
Fez um docel
Com uma velha pele
Rafada
Encomendou-se ao Nada
E dormiu

A cidade, passando açodada
Não via nada
E a familia
Fingia que não o conhecia...

Ali ficou até anoitecer
Viriam as senhoras a oferecer
Sopinha quente e uma maçã
Só para confortar

E ele irá guardar
Em cada mão
Um pão
Para comer de manhã
Se acordar...

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Paixão e Morte

Foi do teu lábio a último palavra
Abre o silêncio a copa poderosa
É o funeral da rosa...
Calaste assim o explendor da graça
Nas infinitas noites de soluços
A coragem despiu sua couraça
E desmaiou... de bruços...
Cobriram-se as colinas de um tom baço
Grama cortada rente, apodreceu
Mil estrelas anâs, em debandada
Perderam-se no céu...
Quem crê, altera
Vai ficando à espera
Tenta ocultar as rugas da quimera
Num frenesim sem conclusão
Ou rumo
Ganha a esperança o pratear do fumo
Como se a alma
Em cinza se tornasse
O vento, látego primário
Repete-se igual como um rosário
Nessas horas pastosas
Já previstas
Palavras ditas
Erguem-se do chão
Como espinhos urdidos de vagar...

Foi do teu lábio a última palavra
Há que apagar
O fogo que ainda lavra
Na acidez secreta do ciúme
Perdeu-se a lava
Ficou só perfume...