sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Crise

A face do silêncio é paisagem
Arde em branco geada nos telhados
Chegam da vida os ecos abortados
Musgo rasteiro fino e instalado
Há carrilhões soando pelos ares
Dão-nos tudo na boca dos olhares
Não nos deixando esquecer
Mundos e fundos...
Quem se preze resiste
E constrói seus mundos
Criando a utopia pessoal
Só fica do passado
Remorso ou saudade vida residual
Que nos mantém presentes
Nos actos reticentes
Invernais
Quando nos deixareis dormir adormecer
Euros Obama Alzheimer e Natais?

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Regresso

Deslocada, exilada
Emigrante de mim
Voltando à terra sinto-a acordada
De um sono longo, letárgico, sem fim...
    (-Quando eu nasci
    Em branda hora de lua
    A minha Mãe, que já não está aqui
    Levou-me ao rio Tua
    e disse: -, é para ti
    Nele lavarás os sonhos
    Minha filha
    Nas suas margens te farás mulher
    Das ilusões constrirás a ilha
    Onde só volta quem o merecer...
    Segui o rio, vim parar ao mar
    Mas fiquei transmontana no falar
    Na claridade da saudade viva
    Na franqueza
    E na lírica, proféctica, atitude
    De me manter fiel à Natureza!)
A ponte ardia em luz
O firmamento escuro
Perdia-se, alastrando pelo mundo
E o povo, tão bonito!
Extasiado
Dava, sem saber
A sua força ao mito
De permanecer:
O mito da raiz
Dos cerros e dos montes
Do olival feliz
Das hortas e das fintes
Das romarias quentes dos sentidos
E outras
Em que corpos e almas são erguidos
Na tradição que encerra
A ancestral beleza desta terra!
    ( -Regresso agora já gasta do esforço
    De uma vivência longa, entretecida
    De netos e de risos
    Alegorias, lutos, solidão
    Ajoelho no chão
    E, comovida
    Retomo essa magia
    Dos loiros anos em que tudo é novo
    E sinto a alegria
    De ser povo
    De pertencer a esta gente boa
    Que luta por um sonho que lhe é caro
    Pois nunca poderá haver Lisboa
    Que valha uma Senhora do Amparo!)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

--- ALOR ---

 PERDIDA NO SILENCIO DA COUTADA

AVE CANORA, Á QUAL O ALOR FALTA.

COBERTAS PELA RAMADA

AS ASAS, NA ÁRVORE MAIS ALTA.

NÃO CANTA, NÃO VOA E NÃO FINGE

SEU GEITO CIRCULAR, MARCANDO O NINHO,

UM SER AMORFO QUE JÀ NÃO ATINGE

A SENSUAL FRESCURA DO CARINHO...

VOO CORTADO PELA INTRANSIGENCIA

DE UM SONHO QUE AFINAL ERA TÂO SÉRIO!

CAIEM NO CHÂO AS PENAS DESPREZADAS

DA ULTIMA ILUSÃO

E DO MISTÉRIO...

O SEU LAMENTO AINDA ESTREMECE

DENTRO DA LUZ

QUE LENTA A ANUNCIA

SÓ TEM O QUE MERECE

QU M TODO SE ANUNCIA...

AVE POETA

DA VIDA FAZ LIÇÃO

POIS TARDE DESCOBRIU

QUE A LINHA RETA

JAMAIS VENCE A RAZÃO...

ESPERA AGORA... SÓ... DETERMINADA

O TIRO MAIS CERTEIRO DA COUTADA!!!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Regresso

DEIXAS-ME POR VIVER
REGRESSO SEMPRE AO LUGAR
EM QUE DESCIAS
COMIGO
A RAMPA DO SILENCIO
HÀ QUE MORRER MATANDO
SE COMPRAZ
O LENTO RESPIRAR DA PAZ
NO PENSAMENTO
SÒ FALTA ADIVINHAR
COMO PARAR
O TEMPO!
           

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

"A Festa"

Neste silêncio arrabaldado e frio
Onde numa chuvada se acoitou
O céu ficou vazio
Mas continuou...
Entre as paredes deste lar cativo
Nem uma voz se escuta,
Paira o sentido da vida
Numa luta, que se afigura, extreme
Na hora de seguir, prendendo o leme.
Lá fora, o povo tenta seduzir
O tempo, que lhe oferece diversão
Em breve vão luzir
Engalanadas ruas de ilusão!
Há muita mocidade
Jóvens ainda, conscientes disso
Procurando usar a sua idade
Prestando-se ao serviço de gozar
Sua frescura, alegria e viço...
Triste gozo, que, em claras gargalhadas
Nos dão a sensação de "de ja vue"
Já nós fomos assim, ovelhas tresmalhadas
De coração incerto e sentimento cru
É festa uma semana, muito pouco
Esquecem-se agruras em que mergulharam
Aqueles, que, como nós, num grito rouco
Lembramos outras festas que passaram
Tudo vai terminar
Sem luzeiros, farturas, variedade
Ficará a cidade a dormitar
Nos braços de quem sabe o que é saudade!!!

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A Maldita

Era tão esperto
Toninho Toninho
O filho sózinho
De uns Pais já de idade
Criado nos campos
Tal qual um potrinho,
Nunca imaginou
Viver na cidade...
Mas o Pai faltou
E a Mãe se mudou
Por necessidade
Arranjou emprego
Como office boy
Depressa ficou
Rapaz a valer
Ajudava a Mãe
Dando-lhe o sossego
De o ver trabalhar
Crescendo a aprender!
Mas, um triste dia
Daqueles que estão
Guardados no ar
Arranjou um amigo
Cuja companhia
Quis aproveitar...
Toninho Toninho
Tornou-se um drogado
Perdendo a graça
De jovem dotado
A Mãe já cansada
Nada mais fazia
E ia morrendo
Um pouco por dia...
Perto do Natal
Não voltou para casa
Aparecendo morto
Numa vala rasa
Longe da cidade
E a pobre senhora
De olhar absorto
Morava à janela
Da sua saudade...
Toninho Toninho
Brincaria agora
Nos prados floridos
Da terra que fora
O seu paraiso...
Perdeu-se na vida
Por não ter juizo
Tão bem que ele ia!

É sempre preciso
Escolher companhia
Que não traga a morte
Na sua bagagem
A droga é miragem
A droga é loucura...

A Mãe do Toninho
Morreu de amargura...

quinta-feira, 25 de julho de 2013

DA MENTIRA

DE UM BALÂO FEZ UMA ESTRELA
QUE SE ESPATIFOU NO AR
ENGANOU A QUEM ; AO VE_LA
... PENSOU QUE IRIA BRILHAR:::
VAI TER QUE APANHAR PEDAÇOS
QUE JAZEM; PODRES; NO CHÂO
AS MENTIRAS SÂO ABRAÇOS
QUE ESCONDEM A ESCURIDÂO
ENGANOU A QUEM QUERIA
COMPARTILHAR SEUS ANSEIOS
ALGUEM QUE NADA PEDIA
E ACEITAVA OS DEVANEIOS
PODERIA SER AMOR
AQUELE QUE NUNCA SENTIU
QUE ENVOLVERIA EM CALOR
O TEMPO QUE LHE FUGIU....
NAO TINHA QUE SER,NAO TINHA
MENTIU SEM NUNCA HESITAR
QUEM NASCE ERVA DANINHA
SO SERVE PARA QUEIMAR.....